Hod, a esfera mental e dos simbolismos - Kabbalah Hermética

Texto reeditado e revisado em 28/09/2022



Título: Hod, Glória. (Em hebraico: Heh, Vav, Daleth)

Imagem Mágica: Um hermafrodita

Localização na Árvore: Na base do Pilar da Severidade

Planeta: Mercúrio

Texto Yetzirático: O oitavo Caminho chama-se Inteligência Absoluta ou Perfeita, pois é o instrumento do Primordial, e não possui raízes, com as quais possa penetrar a implantar-se, salvo nos lugares ocultos de Gedulah, da qual emana sua essência característica.

Nome Divino: Elohim Tzebaoth, o Deus das Hostes.

Arcanjo: Miguel.

Coro Angélico: Beni Elohim, Filhos de Deus.

Qlippoth: Samael.

Chakra Cósmico: Kokab, Mercúrio.

Chakra: Manipura.

Experiência Espiritual: Visão do esplendor.

Virtude: Veracidade.

Vício: Falsidade. Desonestidade.

Correspondência no Microcosmo: Os quadris a as pernas.

Símbolos: Nomes, versículos, avental.

Arcanos do Tarot: Os quatro 8

Oito de Paus: Rapidez

Oito de copas: Sucesso abandonado

Oito de Espadas: Força diminuída

Oito de Ouros: Prudência

Cor em Atziluth: Violeta-púrpura.

Cor em Briah: Laranja.

Cor em Yetzirah: Vermelho-roxo.

Cor em Assiah: Preto-amarelado, salpicado de branco.

No Reino Animal: O veado, serpente gêmeas, íbis, macaco, chacal, andorinha.

No Reino Mineral: Mercúrio (Metal) e o Topázio (gema)

No Reino Vegetal: O Estoraque, Alfazema, Zimbro, Murta, Cravo, Lavanda, Madressilva e os Cítricos.

Corpos: Corpo Mental Inferior

Correspondência no microcosmo: Quadris e as pernas

Número: 8

Associação com deuses: Hermes, Mercúrio, Toth, Papa Legba, Exú, Oghma, Loki, HuehueCoyotl

 

 


Hod é a esfera da razão, do intelecto, das formas, do pensamento, símbolos, códigos e da magia, principalmente a cerimonial. É essa esfera a responsável por sermos capazes de entender a realidade de forma “visível”, de forma concreta. As ideias abstratas podem tomar formas por meio de Hod, por exemplo, o amor. O amor é um sentimento, é uma forma abstrata, não se pode pegar e nem ver o amor, mas a ideia do amor é representada pelo símbolo do coração. Esta é a função de Hod: dar forma às energias e ideias. Nessa esfera elas são revestidas em símbolos e se manifestam no astral (Yesod).

O interessante é que Hod é exclusivo e único de cada um. Cada pessoa irá entender determinado tipo de energia de forma pessoal. E isso acontece porque Hod depende de elementos da imaginação da pessoa, ou seja, quanto mais rica for uma mente em questão de simbolismo, pessoais ou não, maior é a capacidade das energias serem revestidas para serem compreendidas.

Lembrando que um mesmo símbolo pode ser interpretado de maneira diferente por diferentes culturas, pois a forma como ele é apresentado e entendido é particular de cada uma delas. Então aquela história de que se a pessoa sonha com tal coisa é sinal daquilo ou disso é muito errônea, uma vez que determinado símbolo pode significar uma coisa para mim e outra para você.

Logo uma energia será simbolizada de acordo com o que a mente da pessoa consegue a associar, mas apesar dessa diferença entre diferentes mentes a energia em si será a mesma para todos. Por isso que em uma viagem astral duas pessoas podem ver coisas diferentes ao enxergar uma mesma energia. Não teria sido viagens astrais diferentes, mas sim o que o Hod de cada um interpretou de seu jeito. Vemos isso também nos seres mitológicos de cada cultura onde temos os deuses Hermes, Mercúrio, Toth e outros deuses e seres que representam a razão, comunicação, intelecto, temos personagens que simbolizam a energia de Hod representada de forma diferente em cada cultura.  

 

 

Hermes, Mercúrio e Toth representam a mesma energia de Hod


Para falar de Hod é necessário falar de Netzach também, pois nenhuma esfera pode atuar sozinha. Como Dion Fortune diz “uma sephirah isolada não é funcional; a função sempre supõe um par de opostos em equilíbrio, que resulta numa terceira esfera equilibrada que é funcional”.


 

Netzaché a esfera da força e Hod a esfera da forma. Hod sem a força de Netzach é apenas uma forma vazia e sem significado, e Netzach sem a forma dada por Hod é apenas energia sem ter um meio de se expressar e manifestar de maneira entendível. Quando as duas esferas estão em equilíbrio resultam a sua criação em Yesod que irá se manifestar em Malkuth. A relação de Netzach e Hod pode ser representada pela Musa inspiradora e o Poeta. A Musa com sua força e energia abstrata inspira o Poeta, e ele dá a forma a essa energia.     

“Da mesma maneira como o ser humano, para explorar as profundidades dos mares ou o ar rarefeito das montanhas, precisa vestir roupas protetoras que o envolvem e o tornem adequado ao ambiente, assim ocorre com as energias sutis, como os deuses, orixás e outras energias cósmicas que, para entrar contato com nosso subconsciente, precisam vestir-se de arquétipos compreensíveis à mente humana.” Kabbalah Hermética, Marcelo Del Debbio

            Vamos aos seus simbolismos:

O texto Yetzirático diz que Hod é a Inteligência Perfeita porque é instrumento do Primordial. Em outras palavras é o poder em equilíbrio, pois a palavra instrumento implica uma posição intermediária entre dois extremos. Quando chegamos a um certo nível de consciência percebemos que nós somos apenas ferramentas pela qual os poderes das forças de luz podem se manifestar. Somos apenas um canal, e devemos ser gratos por isso, pois chegar a um nível onde podemos servir como ferramenta do divino é uma grande conquista em nossa caminhada. 

Hod em hebraico significa Glória ou Esplendor, sugerindo que é nessa esfera na qual as formas estão devidamente organizadas, fazendo com que assim o Esplendor do Primordial se revele à consciência humana. Os físicos dizem que a luz só pode ser percebida como azul no céu devido à refração das partículas de pó na atmosfera. Uma atmosfera perfeitamente livre de pó seria completamente negra. Ocorre o mesmo na Árvore da Vida. A Glória de Deus só pode brilhar na manifestação se existirem partículas na qual ela possa refletir. Com isso conseguimos entender a visão espiritual atribuída a Hod que é a visão do esplendor.

O Nome Divino de Hod é Elohim Tzabaoth, Deus das Hostes. Tzabaoth significa hoste ou armada. Já Elohim é um substantivo feminino com plural masculino, trazendo assim a ideia de hermafrodita, ou seja, duas energias opostas e complementares, segundo aos cabalistas, ela representa um tipo duplo de atividade ou de força que funciona por meio de uma organização. Inclusive a imagem mágica de Hod é um hermafrodita, e é interessante notar que o simbolismo do hermafrodita traz a ideia do ser em que se combinam os elementos e o princípio do masculino e feminino. 

  



Caduceu de Hermes. As duas serpentes representam duas energias opostas e complementares

 

Tem como correspondência o Planeta e o chakra cósmico Mercúrio, e desse planeta atribui-se também as suas correspondências no microcosmo representado pelos quadris e pernas, segundo à sua regência astrológica. Como virtude possui a veracidade e como defeito a falsidade e desonestidade. Atribuindo ainda a Virtude e Defeito Capital relacionado a Mercúrio tem-se a Paciência e a Inveja. Hod corresponde também ao chakra Manipura.

Chakra Manipura
 

Tem como símbolos os nomes, versículos e aventais. Os nomes são as Palavras ou Nomes de Poder, que carregam obviamente poder, cujo mago profere. Os versículos são mantras e eles operam sobre a mente como uma forma de autossugestão. O avental é um traje característico de um iniciado nos Mistérios Menores, que é sempre qualificado figurativamente como um pedreiro, isto é, um construtor de formas[¹] e como a sephirah Hod é a esfera das operações dos construtores de formas mágicas, o símbolo que lhe corresponde é bastante pertinente.

Os deuses mais famosos dessa esfera incluem Hermes, Mercúrio e Toth, que ao logo do tempo sofreram sincretismo nascendo assim Hermes Trismegistos. E não só eles como também outros deuses semelhantes que trabalham com a energia dessa esfera dos deuses mensageiros, das ciências, da magia, dos viajantes, da eloquência, da escrita, do comércio, dos ladrões, trapaceiros e protetores, funcionam dentro de Hod. Como foi dito anteriormente, a virtude de Hod é a veracidade e seu defeito é justamente os aspectos negativos desses deuses, que revelam a desonestidade e falsidade.  

 

 

Loki, um deus Trickster, possui uma enorme astúcia e capacidade mental para seus planos. Conhecido por ser um grande trapaceiro

 

A título de curiosidade, Hermes na mitologia grega também era considerado deus da fertilidade e também um deus guardião e protetor. “[...]e, de maneira bastante interessante, grosseiras imagens fálicas dele, chamadas hermae, eram colocadas em encruzilhadas e em frente de casas” [²]. Outro ser que se encaixa em Hod é Exú, orixá em algumas religiões e entidade em outras. É ele o orixá da comunicação, mensageiro e guardião, tal como Hermes. E as oferendas de Exú são feitas especialmente onde? Isso aí, encruzilhada.

 

Escultura Hermae, conhecida como Herma

 

Hod está localizado na base do Pilar da Severidade. Esse Pilar tem uma característica um pouco restritiva, mas é através dessas restrições feitas nos planos inferiores que a energia dinâmica dos planos superiores pode ser utilizada. É em Hod que a mente racional consegue restringir nossas energias primitivas, limitando-as e direcionando para algo melhor, evitando assim o domínio e uma maior propagação dos impulsos animalescos que possuímos.

Os quatro Arcanos Menores do número 8 no tarot possui essa ideia de restrição. Uma restrição em aspectos de nossas vidas que irão levar a algo melhor que somente o Plano Superior pode fornecer. O 8 de copas representa o sucesso abandonado, a desistência de algo que havia sido construído. O 8 de espadas é a força diminuída, é a restrição, quando não há nada que possamos fazer. O 8 de ouros é conhecido como Senhor da Prudência, é a cautela e dedicação que o tempo constrói. O 8 de Paus é a ação após um período de restrição, envolve a rapidez para agir após ela.



8 de copas e 8 de paus são do tarot da Golden Dawn. 8 de ouros e 8 de espadas do tarot de Rider Waite


Estudando Hod percebe-se que as energias universais podem se apresentar revestidas de diferentes formas dependendo dos fatores regionais, culturais e sociais. Mas no fim será a mesma energia universal, apenas revestida de forma diferente.  

 

Referências bibliográficas:

[¹]Kabbalah Hermética – Marcelo Del Debbio

[²]O Poder da Magia – Israel Regarddie

A Cabala Mística – Dion Fortune

Curso Kabbalah HerméticaDaemon Editora

O Tarot Mitológico – Juliet Sharman-Burke e Liz Greene


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