O amor é parte de você

 

“A verdade é que não foi uma ilusão e você também não perdeu nada. Esse algo valioso é parte de seu estado natural.”

 


Ao olharmos para o passado podemos ter uma visão de que certas coisas que vivemos com alguém foram ilusões. Ilusões no sentido de que as certezas que tínhamos sobre um sentimento gerado por momentos especiais com alguém se desdobraria num belo futuro com a pessoa. E no fim esse futuro não aconteceu, e assim acredita que tudo o que foi vivido foi um engano, que os sentimentos que sentiu foram baseados em ilusões de uma expectativa não atendida, de um sonho que não se realizou.



Acreditando que os sentimentos que você sentiu ou que sentiram por você eram ilusões, que tudo passou de um engano, passa a viver a vida tendo a certeza de que aqueles momentos não foram reais, que não eram verdadeiros, pois como a força de algo verdadeiro poderia acabar fácil?! 



Mas será que o amor, a paz e a alegria que sentimos nessas ocasiões também foram ilusões? O que sentimos foi real? 

 

“O amor, a alegria e a paz não conseguem florescer, a menos que tenhamos nos livrado do domínio da mente. Mas eu não os chamaria de emoções. Eles estão por baixo das emoções, em um nível mais profundo. Portanto, precisamos nos tornar plenamente conscientes de nossas emoções e sermos capazes de senti-las, antes de sermos capazes de sentir aquilo que está além delas. A palavra emoção significa, literalmente, “desordem”. A palavra vem do latim emovere, que significa “movimentar”.



Amor, alegria e paz são estados profundos do Ser, ou melhor, três aspectos do estado de ligação com o Ser. Assim, não possuem opositores pela simples razão de que surgem por trás da mente. As emoções, por outro lado, sendo uma parte da mente dualística, estão sujeitas à lei dos opostos. Isso quer dizer, simplesmente, que não se pode ter o bom sem que haja o mau. Portanto, numa condição não iluminada de identificação com a mente, aquilo que algumas vezes é erroneamente chamado de alegria é o lado geralmente breve do prazer, dentro da alternância contínua do ciclo sofrimento/prazer. O prazer sempre se origina de alguma coisa externa a nós, ao passo que a alegria nasce do nosso interior. A mesma coisa que proporciona prazer hoje provocará sofrimento amanhã, ou nos abandonará, e essa ausência causará sofrimento. Do mesmo modo, o que se costuma chamar de amor pode ser prazeroso e excitante por um tempo, mas é um apego adicional, uma condição de necessidade extrema, que pode vir a se transformar no oposto, em um piscar de olhos. Muitas relações “amorosas”, passada a euforia inicial, oscilam entre o “amor” e o ódio, a atração e a agressão.



O amor verdadeiro não permite que você sofra. Como poderia? Não se transforma em ódio de repente, assim como a verdadeira alegria não se transforma em sofrimento. Antes de atingirmos a iluminação, antes mesmo de nos libertarmos de nossas mentes, podemos ter lampejos de alegria autêntica, de um amor verdadeiro ou de uma profunda paz interior, tranquila, mas intensamente viva. Esses são aspectos da nossa verdadeira natureza, em geral obscurecida pela mente. Mesmo dentro de uma relação “normal” de dependência, é possível haver momentos onde podemos sentir a presença de algo genuíno, incorruptível. Mas serão somente lampejos, a serem logo encobertos pela interferência da mente. Você poderá ficar com a impressão de que teve alguma coisa muita valiosa, mas a perdeu, ou a sua mente pode lhe convencer de que tudo não passou de uma ilusão. A verdade é que não foi uma ilusão e você também não perdeu nada. Esse algo valioso é parte de seu estado natural – pode estar encoberto, mas nunca ser destruído pela mente. Mesmo quando o céu está totalmente coberto, o sol não desapareceu. Ainda está lá, por trás das nuvens.”    - O Poder do Agora, Eckhart Tolle

 

Quem já viu a animação de Avatar, A Lenda de Aang possivelmente irá lembrar-se de um episódio que o Aang está trabalhando para desbloquear seu chakras, e o guru que o auxilia nessa jornada diz a seguinte frase ao chegar ao chakra cardíaco:



O amor é uma forma de energia e está ao redor de todos nós. O amor que os nômades do ar sentiram por você não deixou este mundo. Continua dentro do seu coração e renasceu na forma de um novo amor.”



A energia do amor vai estar sempre presente em nossas vidas, seja o amor que sentiram por nós ou que sentimos por alguém, e ela nunca irá morrer, apenas irá se transformar, ou melhor, renascer.



 Quando ouço as pessoas dizerem que não são capazes de viver sem tal alguém, que morreria se a perdesse, que somente tal pessoa a pode deixar feliz, acabo sentindo um pouco de pena por elas. Todas as coisas boas que sentimos quando estamos com essas pessoas que nos completam, que nos deixam bem e cheios de vida, fazem parte da gente e já estão em nosso Ser. Não são elas que nos proporcionam isso, elas só servem como gatilho. 



De fato, é ótimo estar com pessoas assim, mas não é porque elas saíram de nossas vidas que significa que perdemos os sentimentos que elas podiam nos proporcionar. Você nunca perdeu nenhum desses sentimentos e não viveu nenhuma ilusão, pois eles estão dentro de ti e sempre estarão.



Então quando achar que os momentos que viveu ao lado de alguém que um dia amou, seja num relacionamento amoroso ou numa amizade, foram apenas ilusões, não se engane. Eles foram reais! Muito reais, pois naqueles breves momentos você pôde experimentar o verdadeiro sentimento do amor, o amor que não existe o oposto.



E como diz o trecho do livro: amor, alegria e paz são estados de ligação com o Ser e não possui opostos, pois surgem por trás da mente dualística. Se o amor que você sente se transforma em ódio e raiva é porque este amor está identificado com a mente, logo você não está conectado com o seu Ser, mas sim com a mente.



  Claro que se tratando de relacionamentos de forma geral com outras pessoas sempre haverá algum conflito, alguma discordância, alguma desarmonia, haverá sempre algum sofrimento, afinal estamos aqui para tentarmos nos tornarmos seres melhores, e sem atrito na vida não podemos fazer isso.



Algumas pessoas irão nos fazer sofrer na vida, isso sem dúvidas, então sofra por quem vale a pena. E lembre-se que tudo o que viveu ao lado de quem amou foi verdadeiro, pois não eram elas que lhe davam os maravilhosos sentimentos que podia sentir, mas sim traziam à tona o que já estava dentro de ti.

 

No que você acredita invista, persista e nunca desista! Rumo à Tiferet!

 

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Este blog aborda temas sobre diversas áreas do Hermetismo, e mostra como encontramos nele uma poderosa ferramenta de desenvolvimento pessoal, de reencontro com nosso Eu Interior, com a natureza, e com a espiritualidade. Levando-nos assim rumo à Tiferet.

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