Texto de Zayin
Existe uma enorme dificuldade inerente ao ser
humano em aceitar o que é diferente. Mas já parou pra pensar que o diferente já
começa na pessoa que somos? Em nossa essência?
Cada
ser humano que vive ou já existiu na face da Terra é um ser único, um universo
inteiro em expansão, com todas as suas complexidades, desafios e maneira de
compreender a vida, tornamo-nos seres diferentes um do outro, embora
compartilhemos muitas vezes da mesma visão das coisas, e isso se torna um fator
que acaba nos unindo. Mas o ponto que quero chegar é: o que nos difere um do
outro é realmente capaz de nos distanciar? Será que mesmo nas diferenças não
existe algo que possa nos unir?
De
virtudes e defeitos somos feitos, por isso ninguém é 100% perfeito. Mas são as
virtudes que enobrecem a alma, dignificam o ser, constroem pontes que nos
permitem alcançar nossos objetivos, e também, o outro. Enquanto que os
defeitos criam barreiras, correntes que nos deixam presos à intolerância, ao
preconceito, ao ódio, à presunção. São eles a força que repele a nossa
capacidade de aceitar que o diferente existe fora da gente, e a nós não compete
querer que tudo seja feito a nosso bel prazer, que toda a existência seja
agradável e aceitável ao nosso modo.
O
diferente faz parte da Existência, então por que se fechar em nosso próprio,
conhecido e muitas vezes ignorante mundinho, quando podemos conhecer mais do
que a Existência pôde criar no universo que compartilhamos?
Muitas
coisas não nos agradam, mas nem por isso elas têm que deixar de existir, caso
contrário é puro egocentrismo, achar que tudo gira ao seu redor, o orgulho nosso de cada dia, fonte de tantos
problemas...
Por que
não aprender sobre o diferente e com o diferente? E por que não mostrar que
também existe o diferente e ensinar sobre ele?
As
semelhanças podem nos unir para que construamos algo edificante, mas são nossas
diferenças o meio que esse algo pode ser levado às pessoas e culturas
totalmente diferentes do que temos contato. Para que seja mais claro isso,
pense num alguém, que embora você e essa pessoa tivessem visões de mundo e
crenças totalmente diferentes, juntos construíram algo benéfico, seja um
projeto, uma ideia, um consenso, uma compreensão de vida. Dificilmente teriam
sido os seus defeitos que os uniram, mas sim as virtudes de cada um. E são elas
que nos impulsionam a criarmos algo melhor e belo para nós e para o mundo.
Do
diálogo entre ambos surgiu algo novo, algo que os uniram, nem que por um breve
momento. E esse algo foi edificante para os dois, e poderia ser também para outras
pessoas, pois aqui há algo que foi construído com base nas virtudes do Ser, e
não nos defeitos. E é com o exercício dessas virtudes que nos tornamos pessoas
melhores.
Uma
pessoa de um determinado meio ou de um círculo social possui mais facilidade para
entrar em contato e ser ouvido com ele do que alguém de fora, com isso, esse
algo edificante que foi construído pode ser levado para meios que você nunca
teria a oportunidade de levá-lo. Assim, o diferente carrega o poder de
propagação, e do exercício de nossas virtudes que criam conexão com o outro,
encontramos mesmo no diferente uma semelhança que nos une.
É muita
presunção nos acharmos donos da verdade, querer estarmos certos sempre, achar
que já conhecemos tudo, que não há nada para aprendermos. Mas até mesmo naquilo
que nos recusamos a conhecer, que fazemos questão de mantermos a ignorância,
haverá algo que irá nos agregar, e assim, com o diferente, é possível crescer,
é possível aprender, é possível nos unir.
Este
texto é uma reflexão, mas também um chamado para olharmos a intolerância que
carregamos dentro de nós com as crenças diferentes das nossas; olharmos a
ignorância que fazemos questão de carregar conosco sobre determinadas coisas;
olharmos para nossos preconceitos com pessoas ou assuntos que não demos a
chance de conhecer melhor, e, após isso, encontrar nossas melhores virtudes
para quebrarmos essa barreira que criamos para evitar o diferente, e aceitar
que ele faz parte da Existência.
No que você acredita, invista, persista e nunca
desista! Rumo à Tiferet!
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