7 Defeitos Capitais - Avareza - Parte 2


Texto revisado em 05/09/2022


Texto de Zayin



Discursar sobre a Avareza hoje é interessante e nos faz perceber que assim como os outros defeitos capitais, ela com o tempo também evoluiu e sofreu alteração na forma de se ver e lidar. Nos tempos atuais a Avareza pode ser entendida de certo ponto de vista como um investimento para o futuro. Um avaro é similar a uma pessoa econômica, ele economiza para situações inesperadas, visa segurança e estabilidade financeira para todos os momentos da vida. Mas existe uma linha tênue que separa uma pessoa econômica de uma avara.


Uma pessoa que economiza para usufruir de suas economias sem criar um vínculo de constante necessidade dela não pode ser considerada alguém avara. Já uma pessoa que economiza criando um constante vínculo com suas economias e teme perdê-la a gastando, seja com futilidades ou necessidades, pode ser considerada uma pessoa avara. Mas o que é importante notar nesse defeito é: o que causa a Avareza?


Segundo a tradição judaico-cristã, a Avareza é um pecado cometido contra a Divina Providência e contra a virtude da caridade. É um pecado contra a Divina Providência, pois é um ato de desconfiança a ela, na qual ela pode tudo lhe dar e tudo lhe prover conforme a sua necessidade. É a falta de fé nas forças do Plano Superior, pois quem quer, se for permitido pela Divina Providência, consegue. E é um pecado contra a virtude da caridade porque um avarento não é capaz de ser generoso, não é capaz de abrir-lhe o coração, não é capaz de repassar o amor que tem pelos seus bens materiais para uma pessoa.


Embora o avaro tenha coisas e as acumule cada vez mais, isso nunca será o suficiente, pois ao invés de acumular para usufruir ele acumula com receio de que tudo desaparecerá. É uma pessoa que não acredita em si mesmo e que não tem fé de que o Universo pode tudo prover. Será sempre refém de si. Por isso uma pessoa avarenta é incapaz de realizar a caridade.   


Dificilmente o avaro se reconhecerá como tal. Ele teme perder tudo, tudo aquilo que vem a ser superficial, e temendo perder ele não irá gastar. Não se entrega à possibilidade do prazer disso e assim fica sempre no discurso da precaução, pois pra ele, por mais superficial que seja algo, será necessário o guardar, criando assim um vínculo eterno entre o Ser e a matéria.


É interessante notar também que no mundo de hoje que nos instiga a sermos consumidores assíduos, e estarmos sempre gastando mais e mais, que a Avareza ocorra com tanta frequência em nós, pois dentro de um determinado raciocínio não há como ser avarento uma vez que se tem a tendência em estar sempre gastando. Até certo ponto seria correto afirmar que essa pessoa não pode ser avara no sentido de economizar, porém uma vez que ela gasta ela obtém e obtendo ela guarda e acumula, e acumulando cria-se vínculos que podem se tornar desnecessários, aí então ocorre a Avareza. E neste prazer de estar sempre adquirindo e acumulando na sociedade moderna que vivemos, se caí no defeito dela. Ter apego a um objeto é ter amor usado de forma errada. Esse apego é um jeito de substituir o amor à Deus e as pessoas, pois o avaro se foca naquilo que é menos importante na vida.


O egocentrismo também colabora muito para a Avareza. Alguém egocêntrico só consegue estar voltado ao seu próprio mundo. Logo ele só consegue ter amor a si e as coisas que obtêm. Não dá para se dizer que uma pessoa egocêntrica não tem amor, na verdade ela tem, só que apenas usa de forma errada. Usa apenas para si e para as coisas que conquista. E uma vez que usa esse amor para seus bens materiais ela cria vínculos que não há verdadeira importância. Fica cada vez mais voltada a obter coisas para si, tornando-se assim avara. É incapaz de ter misericórdia e assim se esquece da coisa mais importante: todos nós viemos de um mesmo lugar, somos todos iguais, porém diferentes, no qual cada um está em seu nível de evolução pessoal e espiritual. Todos nós estamos ligados por um laço que nos tornam verdadeiros irmãos e esquecer-se disso ou ignorar é dizer que não se importa com o próximo e sim apenas consigo mesmo.


Existem 7 características inerentes à Avareza:


 

·         Traição: O ato de enganar as pessoas; perda da lealdade.

·         Fraude: O ato de falsificar as coisas em benefício próprio.

·         Mentira: Usar da falsidade para mudar uma verdade ocorrida.

·         Perjúrio: Quando se conta uma mentira por meio de juramento.

·         Inquietude: Excesso de trabalho com intuito de juntar coisas para si gerando excessivas preocupações e cuidados com coisas materiais.

·         Violência: Ao procurar para si bens alheios, o indivíduo pode se servir da violência com tamanha a ganância que possui

·         Dureza de coração: O excesso de apegos pelo que se tem produz a dureza no coração, pois não permite a pessoa usar de seus bens para socorrer ou ajudar os demais.




O Planeta responsável pelo defeito da Avareza é Saturno, e como virtude possui a Castidade. Segundo à estrela setenária, combate-se esse defeito com as virtudes dos Planetas Sol e Vênus (Magnanimidade e Temperança). Mas também a gratidão e compaixão contribuem para esse combate. Gratidão é uma das maiores virtudes que podemos cultivar em nós mesmos, além de ser uma benção que nos ajuda a trabalhar a nossa humildade. Quando retribuímos de qualquer forma as coisas, estamos redistribuindo de outro jeito o que nos foi dado. A compaixão é a virtude do amor usada de forma a ajudar o próximo, abrindo mão do egoísmo que possuímos, e é também abrir mão dos vínculos materiais que temos, repassando nossos bens ao outro.


Um avarento não faz economia apenas do dinheiro ou dos bens materiais, mas também do viver. Torna-se uma pessoa, embora com boas condições, pobre. Pobre de espírito, pobre de alma, pobre de essência. Toda riqueza não vale a pena se não for para ser usada elevando o nosso Ser e ajudando o próximo.  


Referências:

Reflexões com base nas leituras e estudos pessoais sobre o defeito capital correspondente e da palestra do Café Filosófico, Quando o muito é pouco: A avareza no mundo contemporâneo. Com José Alves de Freitas Neto, historiador, doutor pela USP, professor de História da América da UNICAMP. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário

O Blog

Este blog aborda temas sobre diversas áreas do Hermetismo, e mostra como encontramos nele uma poderosa ferramenta de desenvolvimento pessoal, de reencontro com nosso Eu Interior, com a natureza, e com a espiritualidade. Levando-nos assim rumo à Tiferet.

Procure aqui

Redes Sociais

Arquivo do blog

Mais vistos da última semana

Curta a página