Texto revisado em 15/03/2022
Texto de Zayin
É difícil admitir que às vezes nós somos invejosos, e por vezes até de maneira inconsciente. Portanto isso torna o defeito da Inveja o mais vergonhoso dos defeitos a ser carregado e admitido; diferente dos outros que por ventura ou falta de conhecimento sobre eles os achamos bons, e até um pouco engraçado em dizer, por exemplo, que um pouquinho de gula não faz mal, ou sentir orgulho é bom, ou que a luxúria é algo que devemos valorizar, ou até dizer com a maior naturalidade, como se fosse uma qualidade, “eu sou preguiçoso!”.
A Inveja não é um título que
queremos ostentar e mostrar às pessoas que a temos, ou melhor, a exercemos.
Somos passíveis a todos os defeitos capitais e influenciados por eles, afinal é
da natureza humana os tê-los, mas a Inveja é sempre negada, pois é vergonhosa.
Porém a vergonha não está em sentir Inveja, mas sim em reconhecer isso, e
admitir principalmente a nós mesmos e aos olhos dos outros, que a sentimos e
que às vezes nós somos sim invejosos.
Algo muito comum relacionado à
Inveja é a confusão com a cobiça, e por conta disso as pessoas não entendem ao
certo o que a Inveja significa e o que ela faz com a nossa vida e em nós.
A cobiça está ligada ao desejo
de ter algo que se tenha visto em algum lugar ou com alguém. É o desejo de
possuir a mesma coisa que o outro tenha. E está mais relacionado com o lado
material, ao lado consumista. Já a Inveja pode ser caracterizada como uma
espécie de tristeza voltada a nós mesmos sobre a felicidade e conquistas de
outrem. Essa tristeza se dá na diferença que sentimos ao compararmos uma
qualidade, uma habilidade ou um jeito de ser entre nós e o outro, até mesmo um
laço afetivo entre duas pessoas, e perceber que era algo que gostaríamos de
ter, mas que não temos e por vezes não seremos capazes de obter. O que ocorre a
seguir é a Inveja atacando.
Ela é ativada quando percebemos a falta que faz em nossa vida tal coisa que alguém possua. Esse sentimento de nos sentirmos insuficientes e que fomos incapazes de conseguir algo assim, nos faz atacar o outro seja falando mal, causando intrigas, gerando fofocas sobre a pessoa quem invejamos ou sobre o bem material que ela possua.
A Inveja está no ato de
ridicularizar e envenenar todos aqueles traços que vemos nas pessoas onde nos
causam o sentimento de diferença. Uma pessoa invejosa se sente incapaz e desesperançosa
perante essa diferença, e entra então num estado de negação sobre esses traços
invejados. O que torna a Inveja ser vista como feia é a incapacidade de
reconhecer as conquistas do outro, sempre negando os talentos deles, as
conquistas e até os bens materiais que foram conseguidos com muito esforço. A
pessoa que inveja não consegue perceber os esforços que o invejado fez para
conseguir o que conseguiu, e só consegue ver o que tem ali na hora. O
menospreza por achar que foi fácil.
A Inveja corrói a alma dos
seres, consumindo-a por ela se deixar levar por essa tristeza pela felicidade
alheia, pelo desmerecimento das conquistas dos outros, do querer mal a alguém
só por que na concepção dela existe diferença que a torna “inferior” ao outro.
É um misto de muitas
sensações e emoções ruins pra alma, como frustração, ódio, tristeza
e sentimento de inferioridade que está na própria cabeça do invejoso. Toda
incapacidade sentida e raiva voltada pro invejado por ele estar fazendo o
invejoso perceber isso, causa essa capacidade da Inveja “corroer” a alma da
pessoa, pois são tantos sentimentos e emoções ruins que ela carrega pra si
própria que no fim irá lhe causar apenas mal.
Existem 5 características
inerentes à Inveja:
· Exultação
pela adversidade: Diminuir o resultado de um trabalho e a glória de outra
pessoa.
· Detração: Falar
mal abertamente do outro sem esconder que é você mesmo quem está dizendo.
· Ódio:
Deseja o mal sob todos os aspectos para outra pessoa.
· Aflição
pela prosperidade: A tristeza sobre a felicidade alheia.
· Murmuração:
Espalhar fofocas, meias-verdade, mentiras ou histórias depreciativas em relação
à outra pessoa com o intuito de prejudicá-la.
O Planeta Mercúrio tem como
virtude a Humildade. E para combater os Defeitos da Ira, segundo a estrela
setenária, se utiliza as virtudes do Planeta Marte (Diligência) e do
Planeta Júpiter (Caridade).
A Caridade por si só já é um
ato de grandeza vinda de nós, é uma expansão de nossa parte divina e por meio
dela podemos aprender várias lições valiosas para engrandecer o nosso Eu. É um
ato de amor ao próximo e isso já é uma grande ferramenta para começarmos a
combater a Inveja. Amar os outros como a nós mesmos. Ser caridoso é também
estar mais próximo do amor de Deus, é doar também nossas virtudes para com os
outros. E se tratando de combater a Inveja, deve-se adotar as virtudes
como a Paciência e o Perdão, pois elas fazem parte de um ser de espírito nobre,
e num espírito nobre não há espaço para a Inveja. A Caridade se desenvolve
principalmente doando nossos excessos, não se aplicando apenas a nível
material, mas digo também a nível emocional com um ato de amor, de carinho, de
atenção, ou a nível mental como ensinar alguma coisa, ou até mesmo a nível
espiritual ajudando o outro no caminho dele. A Caridade é amor, e tendo amor em
nossas vidas, desenvolvê-la e praticá-la acaba que por se tornar uma expansão
de nós mesmos.
A Inveja é um misto de incapacidade, tristeza, sentimento de inferioridade, menosprezo, raiva, tudo isso projetado em cima do outro. Pode ser ativada até por mecanismos inconscientes, o que faz com que algumas pessoas sejam incapazes de perceberem que o que estão sentindo é Inveja, então pra elas pode ser muito complicado lutar contra esse defeito. Pode ser difícil para alguns, mas quando pararmos de deixar que as conquistas dos outros nos abalem, e passarmos a vê-las como uma forma de inspiração e incentivo a conseguirmos sermos melhores, e também a conquistar as coisas que gostaríamos de ter, talvez esse possa ser o primeiro passo para não sentirmos mais Inveja.
Referências:
Reflexões com base nas
leituras e estudos pessoais sobre o defeito capital correspondente e da
palestra do Café Filosófico: A inveja e
tristeza sobre a felicidade alheia. Com o historiador, professor e
escritor Leandro Karnal
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