Is this love - Netzach, a sétima esfera - Kabbalah Hermética




Título: Netzach, Vitória (em hebraico, נצח: Nun, Tzaddi, Cheth)

Imagem Mágica: Uma bela mulher nua

Localização na Árvore: Na base do Pilar da Misericórdia

Planeta: Vênus

Texto Yetzirático: O Sétimo Caminho chama-se Inteligência Oculta porque é o esplendor refulgente das virtudes intelectuais percebidas pelos olhos do intelecto e pelas contemplações da fé.

Títulos conferidos: Vitória, Conquista

Nome Divino: Jeovah Tzabaoth

Arcanjo: Haniel

Coro Angélico: Elohim        

Qlippoth: Oreq Zaraq

Chakra Cósmico: Nogah, Vênus

Chakra: Manipura    

Experiência Espiritual: A visão da beleza triunfante

Virtude: Temperança

Vício: Luxúria

Símbolos: Cinto, Rosa, Lâmpada

Arcanos do Tarot: Os quatro 7

7 de Paus: Valor

7 de Copas: Sucesso Ilusório

7 de Espadas: Esforço Instável

7 de Ouros: Sucesso Incompleto

Cor em Atziluth: Âmbar

Cor em Briah: Esmeralda

Cor em Yetzirah: Verde-amarelo brilhante

Cor em Assiah: Oliva salpicado de ouro

No Reino Animal: Pomba, lince, leopardo

No Reino Mineral: Prata (metal), Turmalina e Esmeralda (gema)

No Reino Vegetal: Benjoim, Rosa, Verbena e Sândalo

Correspondência no microcosmo: Rins e quadris

Número: 7

Algumas associações com deuses: Afrodite, Oxum, Freya, Hator, Vênus, Juno, Minerva, Lakshmi

 

           Netzach é a 7ª esfera da Árvore da Vida. E nela encontramos a força da inspiração e também a base dos nossos instintos e emoções. Ela é a força abstrata por trás das imagens concretas de Hod. Os símbolos carregam em si energia cuja a fonte é Netzach, e ela é a fonte da inspiração para as coisas que conseguimos dar forma. Assim como uma música, composta por letra (Hod) se junta com a melodia que vem das emoções (Netzach) para construí-la.

 



Toda execução de uma ritualística de magia cerimonial, por exemplo, possui em si os aspectos de Hod e Netzach, no qual Hod são os objetos, roupas, ferramentas e palavras que compõem um ritual, e Netzach é a força por trás de cada uma dessas coisas, a força que anima e que dá vida a todo ritual. Por isso é importante em alguns rituais o uso de aromas, as danças e o som. Tudo isso é a força fluídica que anima e dá energia aos diversos rituais.


 O ritual de dança cigana é um exemplo que traduz a essência de Netzach


  

Entender Netzach é muito importante para compreender o poder por trás de um símbolo, de um mito, de um ritual ou de um deus, que influenciam nosso ser como um todo ou aspectos dele, ou seja, influenciam diretamente nossa psique.

 

“Quando sua mente era ainda primitiva, o homem adorou essas imagens; por meio das quais representou para si mesmo as grandes forças naturais tão importantes para o seu bem-estar material, estabelecendo, assim, um vínculo entre elas, por meio das quais se desenvolveu um canal por onde as forças que representavam eram derramadas em sua alma, estimulando, assim, o fator correspondente em sua própria natureza, para, dessa forma, desenvolvê-la. As operações dessa adoração, especialmente quando se tomaram altamente organizadas e intelectualizadas, como na Grécia a no Egito, deram origem a imagens extremamente definidas e potentes, e são elas que geralmente se tomam por deuses. Gerações de adoração e culto constroem uma imagem fortíssima na luz astral e, quando o sacrifício é acrescentado à adoração, a imagem desce um passo a mais nos planos da manifestação, e adquire uma forma nos éteres densos de Yesod, tomando-se um objeto mágico muito potente, capaz de ação independente quando animado pelas ideias concretas geradas em Hod.

 

Vemos, assim, que todo ser celeste concebido pela mente humana tem como base uma força natural, mas que sobre a base dessa força natural, se ergue uma imagem simbólica que lhe corresponde e que é animada e ativada pela força que representa. A imagem, portanto, é apenas um modo de representação adotado pelo espírito humano para a sua própria conveniência, mas a força que a imagem representa e que a anima é uma coisa muito real, a que, sob certas circunstâncias, pode ser extremamente poderosa. Em outras palavras, embora a forma sob a qual o deus é representado seja pura imaginação, a força que se lhe associa é real e ativa.”  A Cabala Mística – Dion Fortune

 

O Sefer Yetzirah diz que “O Sétimo Caminho chama-se Inteligência Oculta porque é o esplendor refulgente das virtudes intelectuais percebidas pelos olhos do intelecto e pelas contemplações da fé.”. Para entender isso é preciso unir a ideia de Hod e de Netzach, pois os olhos do intelecto é o que Hod representa, e a contemplação da fé é o que Netzach representa. Pode ser complicado explicar o que a fé representa para cada um de nós, pois é algo que é para ser sentido e não descrito. É inegável que a fé é uma tremenda força, e é inegável a beleza por trás dela, assim como a beleza das poesias, das artes, das danças e tudo mais que se encaixa dentro da sétima esfera. Todas elas são este esplendor refulgente que nossos olhos são capazes de contemplar e que nossas virtudes intelectuais são capazes de criar.

 

Entenderemos Netzach se focarmos num sentimento, e neste momento eu quero que você se sintonize com o sentimento do amor. Seja alguém ou aquilo que você ama, o importante é você sentir neste momento o sentimento do amor. Por trás dele existe uma força, uma força que deixa tudo mais colorido. E essa sensação causada por este sentimento é a força cheia de luz e vida que Netzach nos proporciona.  

 

E falando em amor encontramos como correspondência o Arcanjo Haniel, a qual ajuda a resolver os problemas relacionados ao amor, e era a musa inspiradora do Rei Davi, e encontramos também o planeta Vênus. Na astrologia ele simboliza aquilo que gostamos, aquilo que aquece nosso coração, aquilo que amamos. Na mitologia romana encontramos a própria deusa do amor, a Vênus, equivalente a maravilhosa e inesquecível deusa grega do amor, Afrodite.


O nascimento de Vênus - Pintura de Sandro Botticelli



Na Grécia Antiga existia o culto à Afrodite, e seu objetivo era cultuar e levar o amor e o prazer em honra à deusa. Para isso existiam as sacerdotisas, conhecidas como heteras gregas. As sacerdotisas eram mulheres treinadas desde novas na arte do amor. O amor em sua extensão máxima. O sexo também fazia parte disso, mas o amor não se estende apenas a ele. A missão delas era estimular o prazer não apenas carnal, mas também intelectual no homem. As heteras gregas eram mulheres muito cultas. A função dessas sacerdotisas era levar o amor ao homem, servindo como uma musa inspiradora, satisfazendo, preenchendo e causando paixão na esfera carnal, intelectual, emocional e espiritual do homem. A propósito, a Imagem Mágica correspondente a Netzach é de uma bela mulher nua.

 

“Nos templos de Afrodite, a arte do amor era cuidadosamente cultivada, sendo as sacerdotisas treinadas desde a infância em sua habilidade. Mas essa arte não consistia apenas em provocar a paixão, mas em satisfazê-la adequadamente em todos os níveis de consciência; não simplesmente pela gratificação das sensações físicas do corpo, mas pela troca etérea sutil de magnetismo e de polarização intelectual e espiritual. Tal processo elevava o culto de Afrodite acima da esfera da simples sensualidade e explica por que as sacerdotisas do culto inspiravam respeito e não eram em absoluto consideradas como prostitutas vulgares, embora recebessem todos os que chegassem. Elas procuravam suprir certas necessidades mais sutis da alma humana por meio de suas hábeis artes.”     A Cabala Mística - Dion Fortune

 

Ao entrarmos na esfera do prazer encontramos as virtudes e os defeitos capitais que correspondem ao planeta Vênus. Como virtude temos a Temperança, e como defeito a Luxúria que é causado pelo abuso do amor e dos prazeres.

 

Os símbolos conferidos à Netzach são o cinto, a rosa e a lâmpada. Na mitologia grega, Afrodite tinha um cinto mágico, feito do mais fino ouro, que continha todas as suas graças e atrativos, seu sorriso sedutor, sua doce fala, a eloquência dos olhos e seu suspiro persuasivo. Com ele, ninguém poderia resistir aos seus encantos.

 

A rosa é outro símbolo atribuído à sétima esfera. De acordo com o mito grego, Afrodite quando nasceu das espumas do mar, tal espuma tomou forma de uma rosa branca, portanto a rosa branca representa a pureza e a inocência. Conta o mito também que quando Afrodite viu Adônis ferido, pairando sobre a morte, a deusa foi socorrê-lo e se picou num espinho e seu sangue coloriu as rosas que lhe eram consagradas. Assim, na antiguidade as rosas passaram a ser colocadas sobre os túmulos, sendo uma cerimônia chamada pelos antigos de “Rosália”. A rosa era uma flor sagrada do elemento fogo, simbolizando a beleza e fertilidade.

 

O último símbolo atribuído à Netzach é a lâmpada, que está associado ao elemento fogo. Cada uma das 4 esferas inferiores está relacionada a um dos 4 elementos e Netzach está relacionada ao elemento fogo. O que leva a falar sobre o Chakra correspondente a essa esfera que é o Manipura, ligado também a esse elemento.


Netzach significa Vitória, e tem como outros títulos a Conquista e Firmeza. A deusa Nike, ou Nice, representa essa ideia, pois ela é deusa da vitória. Em suas representações ela aparece como uma deusa alada segurando uma coroa de louros numa mão e na outra uma palmeira, às vezes é uma espada ou então com uma tocha. Você a encontra muito aparecendo na mão da deusa Atena e estampada nas medalhas das olímpiadas A título de curiosidade, a marca Nike tem sua inspiração na deusa da vitória, tanto que o nome da marca é a própria Nike, e sua logo marca é inspirada na representação das asas dela. 

 

Aqui temos as imagens da representação da deusa Nike. A esquerda temos a deusa esculpida numa pedra. Na direita ela está presente na mão da deusa Atena. E embaixo estampada numa medalha olímpica.

 


                   


                                                      

Por Netzach estar localizada abaixo da esfera de Chesed acaba recebendo dela suas emanações como a prosperidade, aspecto esse muito importante ao se conquistar uma vitória. E falando em vitória a Experiência Espiritual atribuída a essa esfera é a Visão da Beleza Triunfante.

 

A numerologia do número 7 nos dá uma luz a respeito do Coro Angélico e do Nome Divino correspondente a essa esfera:

 

“Para Pitágoras, o Sete é o Número da Criação. Apenas o Ser Humano consciente (6), com o auxílio do TODO (+1) pode torna-se co-criador da realidade. Desta maneira, o Sete pode ser observado quando da decomposição da Luz branca através de um prisma gerando as sete cores do Arco-Íris.

 [...]

O Sete também representa a conexão entre o Divino (3) e o Material (4), por isso sua relação intensa com a alquimia e também com os Tronos de Poder na Umbanda, em seus sete planetas, sete cores, sete metais, sete velas, sete pedras e assim por diante”. Kabbalah Hermética -  Marcelo Del Debbio 

 

Antes de Netzach encontramos a sexta esfera, Tiferet. Ela canaliza em si todas as emanações das esferas superiores e funcionando como um prisma decompõe a luz branca, análoga as forças superiores, gerando assim outras cores. Essas outras cores refletem diretamente em Netzach. Aqui não temos força, mas forças. Não temos vida, mas vidas. O UM se tornou muitos para o fim de sua manifestação nas formas. E aqui poderemos compreender o Coro Angélico atribuído a Netzach que são os Elohim, os Deuses. Assim como seu Nome Divino, Jeovah Tzabaoth, Deus das Hostes ou Deus dos Exércitos.

 

É atribuído também à sétima esfera os quatro 7 dos Arcanos Menores do Tarot. Eles revelam os assuntos de Netzach dentro dos quatro Planos que formam o Ser: o material, emocional, mental e espiritual. Com exceção do 7 de paus, o restante carrega em si uma tendência ilusória. É aquela forma que temos de nos iludir com algo, de agir com falsidade, viver uma ilusão. Eles mostram como a força por trás de Netzach pode ser instável se não há uma raiz fincada num princípio espiritual. É nela que aprendemos a ter domínio de nossas emoções, e isso se faz necessário.

 

Em oposição à esfera de Marte, Geburah, que carrega a energia ativa e o princípio masculino, Netzach, por sua vez possui uma energia voltada ao princípio feminino, o outro lado da polaridade. Por isso aqui encontramos as grandes musas inspiradoras e deusas, assim como o princípio da força passiva que precisamos aprender a lidar e a trabalhar. Nos estudos da psicologia junguiana existe um aspecto chamado Anima, que é a força feminina presente dentro do homem.

 

“Anima é a personificação de todas as tendências psicológicas femininas na psique do homem – os humores e sentimentos instáveis, as intuições proféticas, a receptividade ao irracional, a capacidade de amar, a sensibilidade à natureza e, por fim, mas não menos importante, o relacionamento com o inconsciente.” O Homem e seus Símbolos – M.-L von Franz

 

A Anima possui aspectos benéficos e maléficos, e quando essa força não está em harmonia e em equilíbrio dentro do homem ele tem tendências a ter problemas com as mulheres, problemas no amor, relacionamentos e até mesmo no sexo.

 

Alguns mitos representam bem o que acontece quando as forças de Netzach estão em desequilíbrio ou precisam ser dominadas por nós para não sermos dominados por elas. Quando em desequilíbrio entramos na Qlippoth, Oreq Zaraq, que é a esfera contrária à Netzach da Árvore da Morte. Por exemplo, o mito das sereias e das loreleis, criaturas que vivem na água e encantam o homem com seu belo canto os levando para o fundo do oceano matando-os. Netzach é também a esfera da ilusão, pois se não entendermos a força por trás dela podemos nos iludir com uma emoção, e podemos nos deixar levar pelo fogo da paixão que poderá nos destruir se não tivermos domínio e entendimento de sua força.



Netzach se encontra na base do Pilar da Misericórdia, e junto das outras três esferas inferiores, Hod, Yesod e Malkuth, formam elas quatro o Eu Inferior, a nossa personalidade e atual encarnação. Subindo a Árvore da Vida essas quatro esferas encontram um ponto de encontro na sexta esfera que é Tiferet, o Eu Superior, conhecido em algumas correntes místicas como o Sagrado Anjo Guardião, e é equivalente ao self em alguns estudos da psicologia. Para chegarmos à Tiferet precisamos ter domínio das esferas inferiores, por isso que estudá-las é importante para entendermos mais de nós mesmos e alcançarmos a totalidade de nosso ser que transcende a personalidade e o ego que carregamos.




Referências Bibliográficas:

 

A Cabala Mística – Dion Fortune

Kabbalah Hermética – Marcelo Del Debbio

O Poder da Magia – Israel Reggardie

O Homem e seus símbolos – Carl G.Jung

Afrodite: a deusa grega do amor e da beleza - Disponível em https://www.hipercultura.com/mitos-deusa-grega-afrodite/

Rosa - Disponível em https://www.dicionariodesimbolos.com.br/rosa/

Um comentário:

  1. Maravilhoso. Compreendi algumas coisas que a tempos me eram nebulosas acerca do tema. Gratidão.

    ResponderExcluir

O Blog

Este blog aborda temas sobre diversas áreas do Hermetismo, e mostra como encontramos nele uma poderosa ferramenta de desenvolvimento pessoal, de reencontro com nosso Eu Interior, com a natureza, e com a espiritualidade. Levando-nos assim rumo à Tiferet.

Procure aqui

Redes Sociais

Mais vistos da última semana

Curta a página