Texto revisado e
reeditado em 09/10/2022
Título: Yesod, Fundação
(Em hebraico: Yod, Sameck, Daleth).
Imagem Mágica: Um homem nu
muito forte
Localização na Árvore: No Pilar do Equilíbrio
Planeta: Lua
Texto Yetzirático: O Nono Caminho chama-se Inteligência Pura, porque purifica as Emanações.
Prova e corrige o desenho de suas representações e dispõe a unidade em que elas
estão desenhadas, sem diminuição ou divisão.
Nome Divino: Shaddai-el-Chai,
o Deus Vivo Todo Poderoso
Arcanjo:
Gabriel
Coro Angélico: Querubins, os
Poderosos
Qlippoth: Gamaliel
Chakra Cósmico: Levanah, a Lua
Chakra: Swadhisthana
Experiência Espiritual: A Visão do Mecanismo do Universo
Virtude: Humildade,
Independência
Vício: Preguiça, Ócio
Símbolos: Perfumes e
sandálias
Arcanos do Tarot: Os quatro 9
9 de paus: Senhor da Grande Força
9 de copas: Senhor da
Felicidade Material
9 de espadas: Senhor da
Crueldade e Desespero
9 de ouros: Senhor do Ganho
Material
Cor em Atziluth: Índigo
Cor em Briah: Violeta
Cor em Yetzirah: Púrpura
Cor em Assiah: Citrino
salpicado de azul
No Reino Animal: Lebre, Elefante, Tartaruga
No Reino Mineral: Prata (metal),
Pérola, Ametista (Pedra)
No Reino Vegetal: Jasmim, Lírio,
Rosa branca, Damiana, Mandrágora e Gingseng
Corpos: Corpo Astral
Correspondência no microcosmo: Órgãos Reprodutores
Número: 9
Algumas associações com Deuses: Hécate, Selene, Ártemis, Ísis, Circe, Brighid, Cerridwen, Virgem
Maria, Iemanjá, Agwé
Yesod é a Fundação. É o mecanismo por trás dos acontecimentos que se
manifestam em Malkuth. Pode-se dizer que ela é os bastidores do mundo real.
Podemos compará-la a tudo que está oculto numa residência como os encanamentos,
fiações, os alicerces, etc. É preciso entender que Yesod é a esfera responsável
pelas manifestações de tudo o que ocorre no mundo físico, pois nela tudo já
está encaminhado para acontecer, apenas esperando sua ocorrência em Malkuth.
Digamos que ela é a matéria pré-concebida. Os acontecimentos antes de ocorrerem
estão em Yesod numa fase de gestação. Ela é o Plano Astral.
Ela
é a nona esfera da Árvore da Vida, e com isso traz consigo o simbolismo do
número 9. O simbolismo desse número diz que ele é a energia prestes a ser
manifestada. Tudo já está preparado, só falta a sua culminação em Malkuth. O 9
encerra um ciclo que culmina no número 10, sendo esse não o fim, mas um
recomeço, o 1+0=10. Então o número 9 é o fim da jornada. Todas as 8 esferas
anteriores desembocam em Yesod e ela tenta equilibrar suas emanações para então
ocorrer a manifestação em Malkuth. Por isso localiza-se no Pilar do Equilíbrio.
Yesod faz uma tríade com Netzach e Hod, sendo ela o
ponto de equilíbrio entre essas duas esferas e que culmina em Malkuth. Acima de
Yesod está Tiferet, e assim como a lua, ela não tem luz própria, refletindo
apenas a luz do sol, assim como o mar também reflete em suas águas. Não
confunda suas imagens com a realidade ou como uma verdade, ela é apenas um
reflexo da luz de Tiferet. Não é à toa que Yesod é a esfera das ilusões. Mas
ela é de grande importância, principalmente para magia prática, pois é a primeira
esfera com que entramos em contato quando começamos o nosso processo de
elevação de consciência a partir de Malkuth. E também porque por trás das
ilusões de Yesod reside a verdade.
Yesod é também é o famoso quinto elemento, conhecido como Éter. Dependendo da vertente mística que estude ele poderá ser chamado de várias maneiras como Akasha, o éter do sábio, orgone, entre outros. Éliphas Levi chamou essa substância de Luz Astral.
Ela
possui duas ideias fundamentais para seu entendimento, embora à primeira vista
elas pareçam divergentes consegue-se conciliá-las. E encontramos essas ideias
em seus simbolismos.
Em uma delas ela aborda a ideia da força que está bem
clara em sua própria definição que é o fundamento ou fundação. Encontra-se
essa ideia ainda no Nome Divino dessa esfera que é Shaddai el Chai, o Deus Vivo
Todo-Poderoso; no Coro Angélico que é o dos Querubins, os Anjos Poderosos; no 9
de Paus cujo nome secreto é Senhor da Grande Força e na sua Imagem Mágica que é
um Homem nu muito forte. Esse homem pode ser considerado uma referência ao Titã
Atlas, aquele que Zeus castigou a sustentar a abóboda celeste para sempre.
Muitas vezes sendo representado sustentando o mundo em suas costas.
Temos também por outro lado o simbolismo da Lua que trabalha
com fluxos e refluxos, sendo uma ideia bem contrária ao da força citada acima. A Lua na
astrologia é responsável pelas nossas emoções, a maneira como sentimos e
intuímos. Ela é o nosso subconsciente, então o campo emocional é ligado a ela.
O corpo que está ligado a esse campo é o corpo astral.
Quando falamos de emoção
sabemos que o elemento ligado a ela é o elemento Água. Agora como conseguir
conciliar esses dois aspectos de Yesod? O da força presente na
ideia da fundação e a energia fluídica presente no simbolismo da Lua e do
elemento Água? A chave para isso é entender a Experiência Espiritual de Yesod
que é a Visão do Mecanismo do Universo.
Você irá entender isso bem melhor se pensar na ideia por trás de um
mecanismo. Ele é um sistema que trabalha de maneira fluídica (pense numa
engrenagem trabalhando em conjunto com muitas outras) e esse sistema serve para
fazer acontecer algo, dar vida a algo. Um mecanismo tem um propósito e para ele
ocorrer tudo tem que fluir perfeitamente.
Agora pense na ideia da força por trás de um mecanismo
e no que ele sustenta. Claramente um mecanismo serve para fazer funcionar algo
e dar vida a ele, e isso por si só traz a compreensão dessa enorme força que
ele representa e que sustenta. Não é à toa que o Arcanjo de Yesod seja Gabriel.
Mas isso também precisa ser explicado.
Gabriel é o anjo que está atribuído ao elemento Água e encontramos a ideia da força nele na etimologia de seu nome que significa o “homem forte de Deus”. Logo ele mistura e concilia esses dois aspectos de Yesod que até então à primeira vista são meio conflitantes. Na mitologia cristã, Gabriel, foi o anjo enviado a Maria para anunciar o nascimento de Jesus.
O texto
yetzirático diz que “O Nono Caminho chama-se Inteligência Pura,
porque purifica as Emanações. Prova e corrige o desenho de suas representações”.
Para entender isso tenha em mente que Yesod é o reservatório de todas as
emanações das outras esferas anteriores, portanto ela irá dar forma à todas
essas emanações em uma unidade, não havendo diminuição nem divisão delas, mas
sim uma agregação de todas numa só criando algo único e singular. Na parte que
diz que “Prova e corrige o desenho de suas representações” faz
uma referência à esfera de Hod. Sendo Hod a esfera responsável por dar a forma
a algo, Yesod seria a fôrma. Isso significa que Hod seria como o DNA de um ser
vivo. Nele contém todo o Ser e possui desenhada a sua forma, mas sozinho ele
não toma vida. Para isso é preciso estar em um ambiente que vai fazê-lo se
desenvolver em um ser vivo e que sua forma possa se manifestar. E é Yesod esse
ambiente, provando e corrigindo o desenho das representações de Hod, servindo
como uma fôrma para que tome vida.
Voltando a falar sobre sua correspondência com a Lua temos os defeitos e a virtudes correspondentes à ela que são a Ociosidade e Preguiça, seu defeito capital, e a Independência e Humildade, sua virtude capital. A Independência dá ao Ser a capacidade de criar suas próprias fundações e, assim, poder reconstruir-se constantemente. A ociosidade e preguiça estão ligadas à Maya e seu véu da ilusão.
Yesod também é a esfera dos deuses lunares, da magia, fertilidade, o que faz com que encontremos seres mitológicos nessa esfera como Ísis, Iemanjá, Selene ou Ártemis e Hécate, sendo essas últimas três de grande simbolismo, pois representam 3 fases importantes da lua.
“Há Ártemis
ou Selene, a jovem deusa virginal, caçadora, casta, inocente e pura - a lua nos
dias iniciais de seu ciclo. Esta é seguida pela lua-cheia, representando a Mãe
fecunda e fértil, em plena produção, por assim dizer, realizando-se
jubilosamente em suas funções geradoras básicas, simbolizadas por Afrodite.
Esta é a mulher fértil, no vigor dos anos, e, por estar realizada, amada e
amante. Segue-se depois a lua em seu declínio, a lua minguante, Hécate, a
mulher depois da menopausa, que não encontrou realização substituta, agora que
passaram seus dias de ter filhos, que se ressente da perda de amor e de amar,
agora que sua atração sexual desapareceu, tornando-se amargurada, mal-humorada,
esmirrada e semelhante a uma bruxa.” – O
Poder da Magia, Israel Reggardie
Swadhisthana Chakra
Yesod corresponde ao chakra Swadhisthana que também está ligado aos
órgãos reprodutores. Nos seus simbolismos temos, segundo ao livro “A
Cabala Mística”, as sandálias e os perfumes. Os perfumes representam o lado
etéreo, tendo uma grande influência psicológica para ativar emoções. Dion
Fortune diz sobre o simbolismo deles o seguinte:
“Falando de modo geral, podemos dividir os perfumes em dois grupos:
aqueles que exaltam a consciência e aqueles que despertam a atividade da
subconsciência. Entre os primeiros, as gomas aromáticas ocupam um lugar à
parte, e são empregados exclusivamente na manufatura de incenso eclesiástico.
Podemos acrescentar, a essas gomas, certos óleos essenciais que possuem
propriedades similares, especialmente aqueles que estão mais para aromáticos e
adstringentes do que para ácidos. Essas substâncias são muito úteis em todas as
operações em que o objetivo é o aumento da clareza intelectual ou a exaltação
do tipo místico.
Os perfumes que despertam a mente subconsciente são de dois tipos: os
dionisíacos a os venusianos. Os odores dionisíacos são do tipo aromático a
ácido, como a essência de cedro ou sândalo ou de pinho. Os odores venusianos
são de natureza aromática a penetrante, como a baunilha. [...]
As sandálias, ou chinelos sem salto e confortáveis, são utilizadas no
trabalho cerimonial para trilhar o círculo mágico. Elas são tão importantes no
equipamento do ocultismo prático quanto a sua vara de poder. [...]O adepto faz
um campo sagrado para si mesmo colocando em seus pés as sandálias consagradas.
O tapete de cor apropriada e gravado com símbolos adequados é também uma peça
importante na mobília das lojas ocultas. Ele concentra o magnetismo da Terra
utilizado na operação, da mesma maneira como o altar é o foco das forças espirituais.
Através de nossos pés, tocamos o magnetismo da Terra; e, quando esse magnetismo
é de um tipo especial, utilizamos chinelos que não o inibem.”
As demais associações com o reino animal, mineral e vegetal são feitas
por carregaram aspectos ligados à mitologia e misticismo que envolve a Lua, a força do
fundamento de Yesod e aos efeitos medicinais e mágicos do uso das plantas
atribuídos à esfera lunar.
Referências
Bibliográficas:
A Cabala Mística – Dion Fortune
O Poder da Magia – Israel Reggardie
Kabbalah Hermética – Marcelo Del Debbio
Gabriel – Disponível em https://pt.wikipedia.org/wiki/Gabriel_(anjo)
Imagem da Árvore de Vida de autoria de Hod Studio
Simplesmente perfeito, grato pelo trabalho compartilhado.
ResponderExcluirObrigada.
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