Texto de Zayin
Título: O ereto e orgulhoso
Inteligência:
Inteligência
Renovadora
Localização:
Entre
Tiferet e Hod
Significado:
Olho
Valor
gemátrico: 70
Anjo: ---
Qliphot: A’ano’nin
Cor: índigo
Incenso: Almíscar
Animais: Bode, Cabra
Seres reais,
lendários ou deuses: Faunos, Sátiros, Pan
Pedras: Diamante negro
Plantas: Artemísia absinthium,
Cardo, Orquídea Italiana
Árvores: Faia
Correlação: Capricórnio
Correspondência
no corpo humano: Genitais
Tarot: O Diabo
Símbolo/Armas: Lâmpada, Athame
Rituais: Equilíbrio entre
razão e intuição
Ayin
é o 26º Caminho da Árvore da Vida e está ligando a esfera de Tiferet à Hod.
Aqui temos a união da Individualidade com a Personalidade. A Verdadeira Essência
iluminando a mente racional do ser humano, para que assim, através da razão,
ele possa observar e melhorar a si mesmo a partir de seu intelecto, que é
iluminado pelo Divino (Tiferet).
O Caminho de Ayin
Essa
ideia de se melhorar a partir do que observamos em nós está também no texto
yetzirático, no qual diz que “O 26º
Caminho, é chamado de Inteligência Renovadora, porque o Deus Sagrado renova por
ele todo o mutável da criação do mundo”. O exercício de renovar tem como
objetivo tornar algo “novo”, que em essência é o mesmo, mas modificado, melhor,
com nova aparência, traduzindo assim a expressão da beleza que em essência ele
é. Atente-se que a utilização das palavras essência e beleza estão direcionadas
à esfera de Tiferet. Então temos aqui uma Personalidade (a persona/ego que
somos) se renovando através do intelecto para uma versão melhor de si mesma,
tornando a Individualidade (representação da essência divina de quem somos)
mais visível e expressiva.
Só
é possível renovar-se porque a mente é mutável. Hoje não somos a mesma pessoa
que éramos no passado, pois somos seres mutáveis, mas em essência somos a mesma
pessoa. Isso significa que constantemente adquirimos uma nova visão das coisas,
e com elas mudamos a forma de enxergar a nós e o mundo. Um claro exemplo disso
são de coisas que eram aceitáveis no passado e hoje serem condenáveis. E é com essa
nova visão que utilizamos a mente racional para corrigir as atitudes passadas,
nos fazendo ser mais conscientes hoje delas.
Tiferet joga luz sobre nossa mente, a ilumina com o poder divino que emana dela, e o
divino nos dá qualidades e atributos positivos para transformarmo-nos na melhor
versão de quem podemos ser, tudo isso através do caminho de Ayin.
Aqui
é o caminho de uma correção racional, consciente, no qual o Ser transforma o
feio no belo, defeitos em qualidades. É o racional agindo junto da beleza, Hod
e Tiferet unem-se com o propósito da mente ser expressão da Essência Divina. É a
razão tentando entender as intuições que emanam da esfera de Tiferet.
Ayin significa olho, e essa palavra tem um significado marcante nesse caminho.
O Olho bom e o Olho mau
O
formato da letra Ayin lembra dois olhos conectados a um nervo óptico, a cerne
da Vontade. Nas literaturas cabalísticas é dito que eles representam o olho bom
e o olho mal que estão ligados à vontade da pessoa, ou seja, à conduta que
levam às suas escolhas.
Ayin
é o olho que te dá a visão do mundo ao seu redor, mas ele apenas te mostra,
sendo a sua consciência a responsável por tomar as decisões que te levam a
praticar o bem ou o mal. Portanto olhar para o lado bom ou ruim da vida e tomar
decisões que prejudicam ou que ajudam os outros, depende da forma como você
enxerga e interpreta o seu mundo.
Em algumas animações essa dualidade do bem e mal de nossa consciência é representada pelo anjinho e demônio no ombro dos personagens
Com
um olho você pode observar tudo o que está errado e mesmo assim não fazer nada
a respeito, ser omisso aos males do mundo e aos que pratica, mas com o outro,
através dessa observação, saber o que é preciso mudar, olhar onde erra, vigiar
para não cometer os mesmos erros e assim praticar atitudes de mudanças reais em
quem é e na vida ao redor.
“Se o seu olho direito o fizer pecar, arranque-o e lance-o fora. É melhor perder uma parte do seu corpo do que ser todo ele lançado no inferno.” Mateus 5:29
Simbolicamente
o olho esquerdo de Ayin, o olho bom, é chamado de Ayin Tovah, já o direito, o
olho mau, é chamado de Ayin Ha’ra. No judaísmo existe toda uma história por
trás do Ayin Ha’ra, conhecido como o famoso mau olhado ou olho gordo. O olho da
inveja que cobiça o próximo.
No judaísmo, o amuleto Hamsá,
conhecido também mão de Fátima, é utilizado também como proteção contra o mau
olhado
O
olho mal te leva a pecar, a viver uma vida de mentiras, de ilusões, e uma vida
de mentiras é uma afastada de sua verdadeira essência e propósito. Ele te afasta
de seu Tiferet e lhe joga nas superficialidades de uma existência vazia
preenchida por ilusões de um ego arbitrário, conduzido pelas paixões carnais,
pelas ilusões de superioridade e de uma vida de prazer superficial e raso. Por
isso é importante vigiar para onde estamos nos conduzindo nessa estrada da
vida, o que estamos nos tornando e no que podemos melhorar.
“Vigiai e orai, para que não entreis em
tentação; na verdade, o espírito está pronto, mas a carne é fraca.” Mateus 26:41
Não basta apenas olhar para o que há de errado, mas também fazer algo a respeito para mudar isso. Portanto o caminho de Ayin testa você contra você mesmo. Diferentemente do Caminho de Peh em que a vida te testa, aqui você é seu próprio anjo e seu próprio demônio. Você mesmo pode ser sua salvação e sua perdição. E o que explana bem esse conceito é o Arcano correspondente ao 26º caminho, O Diabo.
Primeiramente,
para entender esse arcano é preciso esquecer a concepção cristã do quem ver a
ser o diabo. Aqui ele não é uma figura externa que lhe causa mal e quer lhe
levar para o inferno, mas a concepção de sua figura aqui utilizada é ser aquele
que te testa. O diabo é aquela parte de você que te faz querer se entregar aos
instintos prejudiciais, que lhe tira do caminho da retidão, do seu propósito,
ele lhe preenche de desejos carnais, momentâneos ou ilusórios, fazendo-te virar
escravo de seu ego arbitrário que só busca a satisfação nas coisas mundanas.
O
diabo te afasta da luz, da sua luz interior. Ele te acorrenta e se alimenta de
cada pacto que você faz com você mesmo em troca de prazer egoísta, e assim fica
cada vez mais forte até te dominar por completo. Mas assim como as duas figuras
humanas no tarot de Waite, é possível perceber que elas estão acorrentadas por
correntes frouxas, podendo a qualquer momento se livrarem das correntes que as
aprisionam, basta querer.
Então
o diabo lhe oferece tentações para te desviar de seu caminho, e cabe a você ser
consciente, usar o racional, Hod, para enxergar com o olho bom o verdadeiro
caminho que irá te levar até o Eu Superior, Tiferet. Caso contrário você cai na
tentação e sofre influência do túnel de A’ano’nin, o oposto ao caminho de Ayin.
E não esqueça que a esfera de Hod é também a esfera associada ao deus Mercúrio,
e um dos seus aspectos negativos é a mentira. Portanto não se engane com falsos
caminhos que te desviam de seu propósito e de seu verdadeiro Eu.
Como
correlação ao 26º caminho temos o signo de Capricórnio, e seguindo a linha,
como animal correspondente o bode, e como seres lendários os faunos e sátiros. Sobre
o bode, o autor Marcelo Del Debbio em seu livro Kabbalah Hermética diz a respeito que “O bode é um dos símbolos deste Caminho representando a escalada
espiritual, a força de vontade para vencer as dificuldades”.
Cabra escalando uma montanha íngreme
A
força de vontade também precisa vir junto da disciplina, sendo essa uma das
palavras-chaves para o signo de Capricórnio. Disciplina para se manter reto em
frente a seus objetivos e não se desvirtuar.
Nos
mitos gregos, é dito que o deus Pã foi transformado na constelação de
Capricórnio por Zeus.
Constelação de Capricórnio
A
correspondência no corpo humano, segundo o Liber 777, é o sistema genital.
Certamente ligado a energia sexual e instintiva do ser humano, o que nos leva a
falar sobre os sátiros.
Faun és nimfa (1867) – Pintura de Pál Szinyei Merse
“[...] os sátiros eram metade humanos
metade animais, geralmente com corpo de homem, com uma barba, patas de bode,
pequenos chifres e rabo de cavalo ou qualquer outro caprino, além de exibirem
divertidamente – ou de forma aterradora, nas imagens de perseguição sexual –
seus falos eretos. São seres brincalhões – ou desrespeitosos – como crianças e
têm inclinações patológicas pela busca da “satisfação imediata dos instintos
elementares, como o básico elementar da sobrevivência ou o luxuoso e
gratificante do sexo””.
Apenas ressaltando aqui que a energia sexual em si não é algo
ruim, o problema é se deixar dominar e se levar por ela sem ter controle, o que
pode o levar a vícios sexuais, como a satiríase (transtorno masculino por vício
em sexo), ou a aspectos mais baixos e instintivos do ser humano, especialmente
aqueles que te desconectam de sua consciência e essência. No campo simbólico, a
energia sexual ativa/masculina, a direcionadora da Vontade, é representada pelo
falo ereto.
Cerâmica com pintura de Sátiro com seu falo ereto (520-500 a.C Vulcos, Etrúria)
No Liber 777, o diamante negro é a pedra associada a Ayin;
assim como plantas a Artemísia absinthium, cardo e a orquídea [por observação e
estudos pessoais, associo especificamente à orquídea italiana]; como incenso tem-se
o Almíscar, no qual se diz que é por conta de sua influência na aura do
magista, uma vez que essa essência era retirada da glândula de alguns animais
machos no seu período de cio, obtendo-se assim uma fragrância que era considera
afrodisíaca. Hoje em dia sua obtenção é de origem sintética por conta da
crueldade feita aos animais para isso.
Orquídea Italiana lembra figuras de
homens nus
Ayin tem o título de Ereto e Orgulhoso, Ereto no sentido de retidão, seguir reto a seu caminho, como já foi explicado mais acima, já o Orgulhoso não há nenhuma explicação sobre o motivo disso no Liber 777, mas pela reflexão da palavra é possível associá-la ao Defeito Capital do Orgulho que rege nosso Ego arbitrário e prejudicial, sendo ele parte da persona que se deixa ser prisioneira de seus instintos mais baixos do ser humano, o que se relaciona com o Arcano do tarot o Diabo.
Os símbolos/armas associados a Ayin é a lâmpada como o
princípio da luz (o fogo) que ilumina a mente para mostrar o que precisa ser
corrigido; e o Athame [correlação própria minha através de estudos e práticas com
o mesmo], uma lâmina de dois gumes do elemento ar, direcionadora da Vontade e
que também pode ser usada em rituais para cortar vícios e atitudes
prejudiciais.
O Caminho de Ayin diz para você olhar para si, olhar para sua
vida, olhar para onde comete erros, olhar para onde seus vícios te levam. OLHE
com atenção a vida que leva, pois é com o olhar que é possível observar as
coisas melhor e com cuidado, e assim uma nova visão é obtida, e com ela
praticar mudanças e tomar atitudes para uma melhora na vida em geral e em quem
você é no momento.
Referências Bibliográficas:
A Cabala Draconiana – Adriano Camargo Monteiro
Kabbalah Hermética – Marcelo Del Debbio
Liber 777 –
Aleister Crowley
Os sátiros: marginalização ou representação do humano - Vanessa Ribeiro Brandão.
Disponível em http://webcache.googleusercontent.com/search?q=cache:MFXY8Lt9ybsJ:www.periodicos.letras.ufmg.br/index.php/emtese/article/download/3726/3690+&cd=13&hl=pt-BR&ct=clnk&gl=br
Constelação de Capricórnio: mitos e curiosidades – Disponível em https://osr.org/pt-br/blog/astrologia-pt-br/constelacao-de-capricornio/
Descubra o que é o Almíscar e de onde ele vem – Disponível em https://karla-nomade.com/almiscar-o-que-e-e-de-onde-vem
A letra Ayin – Disponível
em https://pontodevistacristao.weebly.com/a-letra-ayin.html
Hamsá – Disponível em https://pt.wikipedia.org/wiki/Hams%C3%A1
Bíblia online – Disponível em https://www.bibliaonline.com.br/acf
Imagem do caminho de Ayin é de autoria
de Hod Studio
Eu consegui informações até 24 caminho - E o pessoal falava que era um novo elemento que deram o nome de "A Madeira". E não encontrava informações sobre os demais. É uma riqueza de informações que vc disponibiliza. Agradecida!
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