Por Dra. Malena Segura Contrera - Membro Analista do IJEP
Dedicado a todos os animais silvestres que saltitam livres pelas ruas
das cidades mundo afora e a todos os animais domésticos que cuidam de nós em
nosso recolhimento.
A imagem de Pã é conhecida na sociedade ocidental como a face do Diabo.
Nas cartas de tarô ou no imaginário popular a figura do Diabo sempre se
aproxima da iconografia pela qual vimos Pã ser representado, a partir das
descrições que dele fazem as narrativas míticas.
Essa associação de Pã com o Diabo se constrói tardiamente no Cristianismo, sobretudo em função do ataque da igreja católica ao paganismo, que resistia para muito além do desejado no novo mundo cristão. Como sabemos, o termo pagão vem de “pagus”, que significa pedaço de terra arado, o que nos leva a compreender que, enfim, o pagão era o camponês, o homem que vivia na terra, da terra e para a terra. Pagãos eram as benzedeiras que faziam suas rezas com ervas, água, sal, os curandeiros que conheciam os segredos das ervas e beberagens, os agricultores que seguiam os segredos das lunações para plantar e colher, os criadores de animais que se orientavam pelos calendários lunares para acompanhamento do nascimento das novas crias... enfim, todos que organicamente se pautavam pela temporalidade e pelos ritmos naturais. Logo, a matéria concreta era o universo de onde emanava toda a vida. Estávamos no tempo do mundo encantado. E não foi fácil para o mundo cristão afastar os homens desse mundo, foram vários séculos de constantes ataques e, no entanto, só se obteve sucesso com o Protestantismo e a criação do Capitalismo, conforme apresentou Max Weber.